Oração, Esmola e Jejum são as três coisas mais pedidas pela Igreja durante o Tempo da Quaresma.
Oração, Esmola e Jejum:
ORAR! AJUDAR! JEJUAR!
Há uma tríade religiosa e ascética presente em quase todas as religiões: oração, esmola e jejum.
Pela oração, a pessoa exalta a Deus e O reconhece como seu senhor; pela esmola, ela se volta para seu irmão para ajudá-lo e para minorar seus sofrimentos; e pelo jejum, a pessoa procura se purificar de suas tendências egoístas e tornar-se mais santa.
Por sua natureza, a vida é uma força selvagem, de uma pujança espantosa, duma majestade apaixonante, duma beleza muitas vezes cruel.
O homem pode ser levado a idolatrá-la. Idolatrada, torna-se uma força equívoca. Para não cair neste equívoco, a pessoa tem necessidade de ascese, ou de penitência ou conversão.
Toda a Tradição ascética cristã encontrou, possivelmente, uma melhor formulação na expressão: Nudus nudum Christum sequi (Nu seguir o Cristo nu).
A ascese ou penitência não é uma operação fechada sobre si mesma, com finalidade própria, restrita aos atletas espirituais.
Todas as técnicas e exercícios ascéticos cristãos (oração, esmola e jejum) são personalizados, isto é, recebem o caráter não só da pessoa que os faz, mas da graça da pessoa por quem são feitos.
Penitência
A penitência, por isto, mais do que um caminho em direção ao próprio mundo, é uma luta para sair dele, em direção aos outros.
Os judeus jejuavam até duas vezes por semana, davam esmolas e rezavam.
Os essênios abstinham-se de relações sexuais, renunciavam ao banho e toda espécie de comodidades.
Os filósofos usavam técnicas para dominar o corpo e as paixões.
No cristianismo, existe uma pessoa que é o ponto referencial do nosso comportamento ascético. E é, por esta pessoa, o Cristo, que o cristão, “na dor”, reza, jejua e dá esmola, anunciando a morte do Senhor “até que Ele venha” (1Cor 11,26).
A Verdadeira Ascese
A ascese cristã não consiste em mortificar o corpo, no sentido moderno do termo, mas em morti-ficar (fazer morrer) em nós o homem carnal, a carne do dilúvio, em matar o velho Adão, para que o novo tome seu lugar.
A ascese cristã não consiste em reagir, propositadamente, contra qualquer movimento espontâneo, qualquer sensação agradável, qualquer ocasião de alegria, qualquer repouso. “Não te recuses à felicidade presente! Não deixes escapar coisa alguma de um desejo legítimo!” (Eclo 14,14).
A ascese cristã não consiste em obedecer cegamente, sem critérios, mas em viver uma liberdade capaz de iniciativas ponderadas e rupturas corajosas.
A ascese cristã não procura, a todo preço, arrancar qualquer capinzinho (joio, erva daninha) ou inseto em nosso jardim espiritual, e sim em cultivar melhor os frutos e as flores que ele pode, com a graça de Deus e ajuda dos irmãos, produzir.
A verdadeira ascese visa a fazer-nos mais livres, levando-nos a viver mais plenamente. Sempre na alegria. Com a cabeça perfumada. Sem neuroses. Com os olhos pregados em Deus. Longe de azedas condenações. Em alegre esperança. Com os sentimentos de Cristo.
Lembre-se:
- a ascese é um meio, só um meio;
- a ascese tem um valor relativo e sempre a serviço do amor, e só a fazemos para identificar-nos com alguém, Cristo ou o irmão;
- a ascese é necessária para o fortalecimento do homem espiritual, interior;
- a ascese não faz ninguém santo, mas os santos fazem ascese!
Oração, Esmola e Jejum
Penitências Quaresmais (nos Prefácios da Missa)
“De coração purificado, entregues à oração e à prática do amor fraterno, preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais” (Prefácio 1).
“Libertando-nos do egoísmo e das outras paixões desordenadas, superamos o apego às coisas da terra” (Prefácio 2).
“Vós acolheis nossa penitência como oferenda a vossa glória” (Prefácio 3).
“O jejum e a abstinência, que praticamos, quebram nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados” (Prefácio 3).
“Pela penitência da Quaresma, corrigis nossos vícios, elevais nossos sentimentos, fortificais nossos espírito fraterno e nos garantis uma eterna recompensa, por Cristo, nosso Senhor” (Prefácio 4).
“Vós reabris para a Igreja, durante a Quaresma, a estrada do êxodo, para que ela, aos pés da montanha sagrada, humildemente tome consciência de sua vocação de povo da aliança, e, celebrando vossos louvores, escute vossa Palavra e experimente os vossos prodígios” (Prefácio 5).
15 Penitências possíveis para a Quaresma
- Rezar um salmo por dia ou um capítulo da Bíblia
- Perdoar a quem nos ofendeu
- Não reclamar da vida e das pessoas
- Jejuar ou comer menos às sextas-feiras
- Ter paciência com os membros da família e com os colegas de trabalho
- Renunciar a comer chocolate, sorvete ou sobremesa
- Não tomar bebidas alcoólicas ou refrigerantes
- Ajudar e comprar algo de necessário para os pobres
- Não condenar, fofocar ou falar mal dos outros
- Fazer uma boa confissão
- Não querer ter sempre razão em tudo
- Rezar mais
- Ter paciência com quem é chato
- Usar menos o celular
- Oferecer a própria idade ou doença, sem lamentar-se
Fonte: jornal Testemunho de Fé – Frei Neylor J. Tonin, OFM
Veja também: [ QUARESMA E SANTO AGOSTINHO ]